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Agronegócios

Mudanças climáticas no agro: desafios e soluções

Por Isabella Holouka

Publicado em 26/11/2025

6 minutos de leitura

O debate sobre as mudanças climáticas deixou de ser uma previsão distante para se tornar uma realidade palpável que redefine as fronteiras da produtividade e da sustentabilidade no agronegócio brasileiro. Eventos climáticos extremos, padrões de chuva irregulares e alterações de temperatura ditam o ritmo do campo, exigindo uma nova postura estratégica de todo o setor.

Para traduzir essa realidade em dados e insights acionáveis, uma pesquisa aprofundada oferece um diagnóstico direto da situação.

Este artigo apresenta os principais achados do estudo “Impacto das Mudanças Climáticas na Produção Agropecuária Dentro da Porteira: Análise dos Efeitos e das Estratégias de Adaptação e Mitigação“, conduzido por Noélio Alves Ferreira Filho como parte de seu MBA em Agronegócios USP/Esalq.

O levantamento ouviu 81 profissionais na linha de frente do setor para mapear os impactos, as estratégias de adaptação em curso e o caminho para garantir a resiliência nacional.

Diagnóstico do campo: o impacto é real e inquestionável

Os dados revelam que os efeitos das mudanças climáticas são uma experiência diária. A percepção do setor é clara: o impacto já afeta as operações de forma expressiva.

O consenso da urgência

Quase 90% dos profissionais confirmam que o clima alterado é um fator presente e relevante em suas operações: 56% acreditam que o impacto é significativo, e 33%, moderado.

“Os principais impactos são a redução da produtividade agrícola, a escassez de água, o aumento da incidência de pragas e doenças e a imprevisibilidade climática, que dificulta o planejamento das safras. Além disso, há elevação dos custos de produção, o que compromete a sustentabilidade do setor”, destacou Noélio Alves Ferreira Filho em entrevista.

Produtividade em risco

O impacto se materializa na queda de produtividade, principal indicador de performance: 50% dos respondentes afirmaram que a produtividade de suas atividades diminuiu devido às mudanças climáticas.

Os elos mais frágeis da cadeia

Os profissionais apontaram para os pilares fundamentais da produção como os mais vulneráveis:

  • Produção de culturas agrícolas (34% dos participantes).
  • Disponibilidade de água (30% dos entrevistados).
  • Criação de animais (15%), qualidade do solo e incidência de pragas/doenças (10% cada).

Esses dados mostram uma vulnerabilidade central: a produção e a água são o núcleo do risco climático para quase dois terços dos profissionais.

Ação e adaptação: o setor em movimento

Apesar do cenário desafiador, a pesquisa mostra que o setor não está parado. A adaptação já é uma realidade concreta no campo: 55% dos profissionais rurais já implementaram alguma estratégia de adaptação às mudanças climáticas.

As estratégias mais eficazes

Entre as diversas práticas disponíveis, as mais citadas pelos próprios profissionais para construir resiliência foram:

  • Uso de tecnologias agrícolas avançadas (25%).
  • Rotação de culturas (20%).
  • Irrigação eficiente (20%).

Validando essa percepção, o pesquisador destaca a tecnologia como o pilar da resiliência futura:

“Eu destacaria o uso de tecnologias agrícolas avançadas, como irrigação de precisão, sensoriamento remoto e cultivares adaptadas. Essa é a base para construir resiliência e manter a produtividade no futuro”, afirma o ex-aluno do MBA em Agronegócios USP/Esalq.

Do desafio à ação: barreiras e o roteiro de soluções

A transição para um modelo mais resiliente enfrenta obstáculos claros, que a pesquisa também mapeou.

Os obstáculos à adaptação

Os principais desafios que impedem a adoção mais ampla de medidas de adaptação são a falta de recursos financeiros, conhecimento técnico e acesso a tecnologias apropriadas. A tensão é clara: as soluções mais eficazes (tecnologias) são impedidas pelas barreiras de acesso (capital e capacitação).

Políticas públicas insuficientes

O apoio governamental é visto como crítico, mas deficiente. 65% dos respondentes acreditam que as políticas públicas vigentes não são suficientes para apoiar o setor na adaptação às mudanças climáticas, reforçando a necessidade de fortalecer essa ponte.

” Ainda não totalmente. Apesar de mais da metade dos produtores já utilizarem estratégias de adaptação, o setor ainda enfrenta barreiras, como falta de recursos financeiros, conhecimento técnico e acesso a tecnologias. Além disso, a maioria considera as políticas públicas insuficientes para apoiar essa transição”, destaca.

Soluções propostas: o roteiro de investimentos

Para gestores e formuladores de políticas, o campo sinaliza um roteiro de onde os investimentos podem gerar maior impacto:

  • Investimento em P&D de tecnologias resilientes.
  • Criação de políticas de incentivo para adoção de irrigação eficiente e manejo integrado de pragas.
  • Oferta de linhas de crédito acessíveis.
  • Educação e capacitação contínua.

A nova demanda por competências

Superar essas barreiras exigirá o desenvolvimento de novas habilidades, criando uma demanda de mercado por profissionais capacitados:

“Serão necessárias competências em gestão de recursos hídricos, uso de tecnologias de precisão, manejo sustentável do solo, integração lavoura-pecuária-floresta e inovação tecnológica. A capacitação constante será um diferencial”, orienta o especialista.

Conclusão: construindo um futuro resiliente pós-COP30

A pesquisa do MBA em Agronegócios USP/Esalq, conduzida por Noélio Alves Ferreira Filho, oferece um mapa estratégico dos desafios e oportunidades que as mudanças climáticas impõem ao campo. Fica evidente que o setor não apenas reconhece a gravidade do problema, mas já está em movimento.

A resiliência do agronegócio brasileiro exigirá uma abordagem integrada: união entre inovação tecnológica, práticas sustentáveis e, crucialmente, políticas públicas eficazes. Em um cenário global onde a agenda da COP 30 eleva a urgência, as demandas do campo por crédito, capacitação e incentivos ganham ainda mais força. O caminho é complexo, mas os insights desta pesquisa apontam a direção a ser seguida para unir segurança alimentar e sustentabilidade em larga escala.

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