Jakeline Diniz, especialista em Finanças e Controladoria pelo MBA USP/Esalq, detalha como IFRS S1 e S2 e a transparência financeira são cruciais para valorizar empresas do Agronegócio.
Finanças
ESG e IFRS: como a transparência evidencia a sustentabilidade nos registros financeiros
Por Isabella Holouka
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Publicado em 25/11/2025
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5 minutos de leitura
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O tema da sustentabilidade corporativa e a transparência de suas ações têm dominado as discussões no mundo das finanças e do compliance, uma vez que as práticas ESG (Environmental, Social, and Governance) representam uma modificação na forma de operação das empresas. Nesse cenário, companhias financeiras, investidores e stakeholders têm direcionado seus investimentos para empresas mais socialmente responsáveis, inclusivas e sustentáveis.
Para mergulhar neste tópico crucial, apresentamos uma entrevista exclusiva com Jakeline Magna Dos Santos Diniz, especialista em Finanças e Controladoria pelo MBA USP/Esalq.
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jakeline, intitulado “Preservação do meio ambiente, responsabilidade com a sociedade e transparência empresarial evidenciadas nos registros financeiros“, buscou identificar como as informações apresentadas nos relatórios financeiros, em conformidade com as normas IFRS (International Financial Reporting Standards), refletem as práticas de ESG nas organizações, com foco especial em uma empresa do Agronegócio.
As principais conclusões obtidas no estudo evidenciaram que a correta documentação de práticas sustentáveis nos relatórios financeiros, seguindo as normas IFRS, é um motor para a maior transparência e valorização das companhias. A pesquisa revelou que essas práticas influenciam positivamente a tomada de decisão de gestores e investidores, resultando no fortalecimento da governança corporativa e da reputação empresarial, especialmente no setor do agronegócio.
A especialista destaca, ainda, que a adoção das normas IFRS S1 e S2 é fundamental, pois elas integram informações financeiras com dados de sustentabilidade.
Acompanhe a seguir a entrevista na íntegra, onde Jakeline detalha esses achados e as medidas essenciais que as empresas devem tomar para alinhar finanças e sustentabilidade, superando desafios como a mensuração de indicadores ESG e a resistência cultural.
1 – Quais foram os principais achados da sua pesquisa sobre a relação entre preservação ambiental e responsabilidade empresarial nos registros financeiros?
A pesquisa revelou que práticas sustentáveis, quando devidamente registradas nos relatórios financeiros conforme as normas IFRS (International Financial Reporting Standards), promovem maior transparência e valorização das empresas. Além disso, essas práticas influenciam positivamente a tomada de decisão de gestores e investidores, fortalecendo a governança corporativa e a reputação empresarial, especialmente no setor do agronegócio.
2 – Que práticas financeiras ou contábeis você considera essenciais para garantir maior transparência nas empresas em relação às questões ambientais e sociais?
A adoção das normas IFRS S1 e S2 é fundamental, pois elas integram informações financeiras com dados de sustentabilidade. Também considero essencial a elaboração de relatórios de sustentabilidade com base em frameworks como o TCFD, o registro contábil de ativos biológicos e provisões ambientais, e a divulgação clara das ações ESG nos demonstrativos financeiros.
3 – Quais desafios os profissionais de finanças enfrentam ao tentar integrar práticas sustentáveis aos relatórios financeiros, e como superá-los?
Os principais desafios são:
- A mensuração de indicadores ESG;
- A resistência cultural nas empresas;
- Os custos de implementação;
- A falta de capacitação técnica.
Para superá-los, é necessário investir em formação profissional, adotar tecnologias de gestão ambiental e social, estabelecer metas claras e participar de certificações e iniciativas setoriais.
4 – O que você espera que as empresas adotem de novas práticas e políticas após a COP30, especialmente no que diz respeito à responsabilidade ambiental e social?
Espero que as empresas intensifiquem a integração do ESG em suas estratégias, adotem os padrões IFRS S1 e S2 conforme exigido pela CVM, fortaleçam a governança corporativa e implementem ações concretas de mitigação de impactos ambientais. Também é importante promover a inclusão social e a diversidade com políticas claras.
5 – Quais medidas você acredita que as empresas devem tomar para garantir que sua governança corporativa e práticas financeiras estejam alinhadas aos compromissos globais de sustentabilidade?
As empresas devem formalizar políticas de governança alinhadas ao ESG, mapear riscos corporativos e operacionais, estabelecer planos sucessórios e controles internos robustos, integrar relatórios de sustentabilidade aos demonstrativos financeiros e adotar práticas anticorrupção e de combate ao trabalho escravo.
6 – Que indicadores você sugeriria para monitorar o impacto das práticas financeiras e de transparência empresarial no avanço das metas climáticas globais, após a COP30?
Indicadores como:
- emissões de gases de efeito estufa por unidade de produção;
- investimentos em tecnologias sustentáveis;
- índice de conformidade com normas ESG e IFRS;
- retorno sobre ativos sustentáveis;
- taxa de redução de resíduos e consumo de água;
- engajamento comunitário;
- nível de transparência nos relatórios.
A controladoria como alavanca de sustentabilidade
A análise conduzida por Jakeline, em seu TCC “Preservação do meio ambiente, responsabilidade com a sociedade e transparência empresarial evidenciadas nos registros financeiros“, reforça uma verdade inegável no cenário corporativo atual: a sustentabilidade e a transparência financeira caminham juntas.
Em suma, a ex-aluna do MBA em Finanças e Controladoria USP/Esalq demonstrou que, ao registrar adequadamente o impacto de suas ações sustentáveis, as empresas (especialmente as do Agronegócio) podem transformar a preservação ambiental e a responsabilidade social em vantagem competitiva e valorização no mercado.